Batalha do ET
Movimento cultural em Alto Paraíso reúne rap e diversidade
Quem passa pelo Centro de Atendimento ao Turista (CAT), nas terças-feiras, a partir das 19 horas, tem a oportunidade de vivenciar uma experiência diferenciada em Alto Paraíso: A Batalha do ET.
A Batalha do ET está em sua 36° edição e tem reunido homens, mulheres, meninos e meninas, familiares e turistas para batalhas de rima.
O movimento cultural começou em 2013 quando os integrantes ainda usavam o som do carro para batalhar e não tinham um local fixo. Cada semana escolhiam uma praça diferente, até que chegaram na praça do CAT, onde se fixou a atual Batalha do ET.
O organizador e Mestre de Cerimônia (MC) Pato Roco, explica que antes da Batalha do ET, existia o Chapada Rima, um encontro mensal que recebia convidados de Brasília. “A galera daqui sentiu que precisava treinar para chegar no mesmo nível dos outros MCs. Então, passamos a nos encontrar todas as terças-feiras na praça do CAT e mudamos o nome para Batalha do ET”.
De acordo com Pato, que também é guia turístico na Chapada dos Veadeiros, o movimento tem um grande poder de conscientização e inclusão. “Participam turistas, MCs, crianças e pessoas mais velhas. A minha motivação é o próprio movimento, o impacto, a possibilidade de usar a batalha ao nosso favor para cuidar do nosso cerrado, da nossa chapada, da nossa casa”.
Foi isso que chamou a atenção do MC Freedom, que sonhava em percorrer por batalhas em todo o Brasil e acabou se encantando com essa característica das batalhas em Alto Paraíso.
“Comecei minha viagem pela Chapada dos Veadeiros e fiquei comovido vendo crianças na roda, famílias na roda, uma grande diversidade, a galera prestando atenção. Fui conhecendo outras batalhas pelo Brasil e sempre falando para todos sobre a batalha do ET”, explicou.
No início, os integrantes não contavam com muito apoio, diz MC Marinho. Hoje as batalhas contam com tenda, sonorização e iluminação e uma grande equipe empenhada em fazer o movimento acontecer. “Antes as pessoas nem paravam para assistir, hoje em dia tem mais de 200 pessoas na praça. Antes a praça era degradada e, graças a Batalha do ET, foi revitalizada pela equipe do Quem Passa Pela Praça. Hoje temos o apoio da comunidade”.
Marinho também fala sobre os benefícios das batalhas de rima para a comunidade. “As crianças querem ler mais, querem rimar”, contou. Esse foi um dos motivos que atraiu a Ventus Venus. Na opinião da MC, as batalhas de rima são uma ótima ferramenta para passar mensagens para a nova geração. "Eles são o futuro. Temos que estar atentos ao que falamos para essas crianças”.
Ventus Venus ganhou a 26° edição e foi a primeira mulher a vencer a Batalha do ET pós pandemia. Anteriormente, por volta de 2016, a primeira campeã havia sido a MC Natigresa. Ventus Venus conta que começou a batalhar porque era a única interessada na época, porque gostava muito de rap, mesmo não tendo o hábito de batalhar.
“A galera me incentivou muito, fui várias vezes pela representatividade. Acredito que isso despertou uma sementinha em cada menina desse cerrado e eu fiquei muito satisfeita com essa missão. Senti que foi cumprida. Iniciamos uma nova fase onde meninos e meninas, garotos e garotas, na mesma quantidade, dialogam sobre a capacidade de ideologia, de argumentação. Tá mais equilibrado”.
Segundo informações do MC Pato, cerca de 20 pessoas estão envolvidas no projeto, seja correndo atrás de patrocínio, cuidando da limpeza, organizando o espaço, fazendo as fotos ou produzindo arte para divulgação. "Grande parte dessa equipe é de MCs. A prefeitura cede a praça e o restante é com a gente. Tem todo um custo para manter o movimento. Tem a equipe que leva o som, o DJ, a fotógrafa, etc. Várias ferramentinhas girando".
Aualmente, os principais patrocinadores da batalha são: Andrezin Sonorizaçao, Made in Chapada, Budweiser e trilhei.com.
Qualquer pessoa que saiba rimar pode se inscrever para participar das batalhas. Basta que cheguem às 19 horas na praça do CAT. "É um movimento cultural de palco aberto para quem quiser se manifestar. Podem apresentar uma música, uma poesia, dentro da censura, que ofereça algo positivo para o movimento", finaliza o Mestre de Cerimônia Pato Roco.
Para mais informações acesse o site www.batalhadoet.com.
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