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Atividades econômicas em Alto Paraíso serão paralisadas por 14 dias em cumprimento a novo decreto

Medida, que entra em vigor nesta quinta-feira (18), divide opiniões


Com o aumento do número de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus em Goiás, o Governador do Estado, Ronaldo Caiado, estabeleceu novas medidas para municípios em estado de calamidade.




Sendo assim, o prefeito municipal de Alto Paraíso de Goiás, Marcus Adilson Ricco decretou a suspensão das atividades econômicas por 14 dias seguidos de 14 dias de funcionamento.


Nesta primeira fase, que começa hoje, quinta-feira (18), só estarão permitidas as atividades essenciais como supermercados, farmácias, delegacias, postos de gasolina, distribuidoras de gás, etc.


Quatro dias antes do decreto, um grupo de empresários do município, havia iniciado uma campanha de conscientização dos moradores e turistas da cidade. Enquanto outro movimento, do mesmo setor, anunciava lockdown voluntário.


A iniciativa da campanha de conscientização partiu dos empresários da Associação Comercial e Industrial de Alto Paraíso (ACIAP) que, com o apoio da prefeitura, arrecadaram dinheiro para a compra e distribuição de máscaras, além de material com informes sobre os cuidados básicos de distanciamento e higienização.


Eles contrataram, ainda, 18 agentes educadores que circularam pela cidade, junto aos fiscais da vigilância sanitária, alertando a população sobre os riscos de contaminação. A ação teve início no dia 14 de março e teria duração de 30 dias, não fosse o decreto. Com o fechamento da cidade, as atividades tiveram que ser encerradas.


O presidente da ACIAP, Luís Paulo Pereira conta histórias de pessoas como a de um guia da cidade que tem custos mensais de R$1500 com os medicamentos da filha, além das contas básicas de aluguel, água, luz e alimentação. "Muitas dessas pessoas não veem outra alternativa a não ser trabalhar com o que sabem fazer. Como irão sobreviver?", questiona.


O empresário comenta, ainda, que governantes de todo Brasil receberam recursos para investir na saúde e que quase um ano após a pandemia, descobriu-se que o número de leitos são os mesmos e que a verba foi utilizada para hospitais de campanha que nem foram inaugurados.


Luís Paulo sugere um desafio: "Toda a classe política está recebendo os salários em dia. Gostaria de vê-los abrindo mão de seu sustento e conforto em solidariedade àqueles que não podem trabalhar", pontua.

O proprietário da agência de turismo Paralelo 14, Fagner Xavier Lopes, que faz parte do outro grupo de empresários que optou pelo lockdown voluntário explica:

“Nossa cidade não possui um hospital bem equipado com UTI e respiradores para atender a demanda que a cada dia cresce. Também estamos com dificuldades de transferir nossos doentes para as outras cidades. Nossa paralização foi em respeito às mortes, aos enfermos e principalmente em respeito à vida", conclui Fagner.

A vereadora do Mandato Coletivo Permacultural, Henny Freitas, afirma que o mandato coletivo já havia publicado nas redes sociais um posicionamento favorável ao lockdown, citando a sua eficácia contra a propagação do vírus e informando a situação de calamidade em que se encontra a região do Goiás, que está com 100% das UTIs ocupadas. Além disso, o texto pede ações efetivas da Secretaria de Rede de Proteção Social no atendimento e apoio às famílias em situação de vulnerabilidade.


De acordo com as informações do vice- prefeito e secretário municipal de saúde de Alto Paraíso, Tatoo, atualmente, 26 pessoas estão com suspeita de contaminação pelo vírus, 8 pessoas foram confirmadas e 2 estão internadas. "No dia 18 fará um ano desde o primeiro caso de contaminação por Covid-19 na cidade. Desde então, três pessoas morreram. O último óbito ocorreu na noite do dia 14 de março”, destaca Tatoo.


Ainda segundo informações do secretário, a cidade de Alto Paraíso tem apenas um respirador, não tem médico intensivista e nem UTI. Para minimizar o caos gerado pela pandemia, a secretaria tem feito diariamente um levantamento de casos de suspeita de contaminação com o objetivo de orientar o isolamento.

“O paciente que apresenta qualquer um dos sintomas de COVID-19, deve ficar isolado por 10 dias a partir do primeiro dia que apresentou os sintomas. Na maioria dos casos temos tido bons resultados na recuperação dos pacientes, por serem tratados já no início da doença”, ressalta o vice-prefeito.

O advogado chileno Mario Alberto Araya Poz que mora em Alto Paraíso desde novembro de 2020 acredita que existem duas situações preocupantes: o risco de morte pelo novo coronavírus e o risco de morte por fome. Em sua opinião é preciso achar o caminho do meio para tentar minimizar os prejuízos da pandemia: "É preciso reforçar os cuidados, com auto responsabilidade, com ações de conscientização, com o impedimento de festas e aglomeração, além de higienização sanitária", sugere.

O músico uruguaio Antônio Caceres de 61 anos de idade, morador de Alto Paraíso há 14 anos, conta que a sua situação ficou bem complexa com a pandemia, tanto por se enquadrar em um dos grupos de risco e também pela falta de trabalho. Sem ter onde se apresentar, Antônio buscou a internet como alternativa para dar aulas e conseguir manter o mínimo para o seu sustento. A sua percepção é de que muitas famílias da cidade passaram de uma situação de estabilidade financeira para uma situação de pobreza.

"Esse não é um problema que se resolve com 600 reais de benefício. Não sou contra o lockdown, mas é preciso haver outras ações para não deixar as famílias desamparadas", opina o músico.

A sanitarista e mestranda em Políticas Públicas de Saúde, Tâmara de Oliveira, não reside em Alto Paraíso, mas sempre teve a Chapada como um dos seus destinos favoritos por conta das lindas cachoeiras e a proximidade com Brasília, que é onde mora. Ela explica que não visita a Chapada há quase um ano, desde que iniciou a pandemia, por respeito aos moradores.

Tâmara se diz favorável ao lockdown por um curto período de tempo: "Estamos no pior momento da pandemia, onde morrem mais de 2 mil pessoas por dia no Brasil. Até mesmo a Organização Mundial de Saúde e outros órgãos de saúde recomendam o lockdown e distanciamento social para conter a propagação do vírus, porque o contágio é exponencial. Uma pessoa vai contaminar outra, que vai contaminar outra e assim por diante", salienta.

A mestranda deixa claro que entende a situação de comerciantes e empresários do setor de turismo, mas pondera: " Eu sei que eles foram totalmente prejudicados economicamente. Talvez se essas medidas de segurança e conscientização tivessem sido tomadas desde o começo da pandemia, não precisasse de um lockdown agora. O que determina a necessidade de lockdown é a capacidade hospitalar. Se no município não tem mais leito de UTI e o sistema não consegue receber mais nenhuma pessoa doente, o lockdown se faz necessário", finaliza.

A jornalista de Brasília Luana Karen, que já visitou inúmeras vezes Alto Paraíso, informa que a nova cepa do coronavírus tem uma carga viral maior e que também tem sido fatal para pessoas com idade inferior a 40 anos. "Estou incluída nessa faixa etária, não há mais uma margem de segurança. Na verdade, nunca houve. Eu não me sinto segura para fazer as coisas básicas que tenho que fazer, imagine fazer uma viagem à lazer. Morro de saudades da Chapada dos Veadeiros, não vejo a hora de tomar um banho de cachoeira, mas eu não acho que seja o momento para se arriscar tanto. Entendo o lado dos empresários que dependem do turismo para sobreviver, mas eles também precisam ter saúde", diz.

Já a estudante de Biologia, Thainá de Andrade Basílio, que também reside em Brasília e frequenta Alto Paraíso, não acredita que a solução seja fechar a cidade. "Acho que lockdown é ainda mais nocivo porque as pessoas precisam trabalhar para comer e se não tiver comida morrem. Tem muita gente morrendo por conta da pandemia mesmo estando isolado em casa. Esse vírus não respeita quarentena e as pessoas estão desempregadas, passando fome, entrando em depressão. Acredito na conscientização e fiscalização como solução", ressalta.


Um ponto em comum nas opiniões é de que o novo coronavírus precisa ser combatido sem que os habitantes de Alto Paraíso passem por necessidades básicas de sobrevivência.


O vice-prefeito Tatoo lembra que qualquer um que apresentar sintomas como febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, dor muscular, tosse, perda de apetite, coriza, enjoos, distúrbios olfativos ou gustativos, diarreia ou dor abdominal deve ficar de repouso, isolado de qualquer outra pessoa. Ele informa, ainda, que todos têm direito a atestado médico de pelo menos 10 dias em caso de suspeita.


 

Telefones dos postos de saúde para tirar dúvidas


PSF 1 (Praça do Bambu) - (62) 3446-2179/ (62) 99681-1214


PSF 2 (Novo Horizonte) - (62) 3446-1495/ (62) 99611-2109


PSF 3 (Cidade Alta) - (62) 3446-2102/ (62) 3446-2102





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